Dicas de Dad Squarisi
1. A língua trai
Num piscar de olhos, trocamos letras, confundimos significados, ignoramos flexões, pisamos concordâncias, esnobamos regências. Pior: organizamos as palavras de tal forma que nossas frases transmitem recados diferentes dos que pretendemos. Dá-se, então, o que Mário Quintana explicou: "A gente pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita".
2. Tropeços que roubam o emprego
Existem erros e erros. Alguns são primários. Estão na cara como batom vermelho ou óculos de grau. Grafar pesquisa com z ou exceção com ss serve de exemplo. Ambos denunciam pouca familiaridade com a língua escrita. Para se safar, conjugue três verbos – ler, ler, ler. E, sempre que a dúvida bater, consulte o dicionário. Outros tropeços são sofisticados. Exigem algo mais do que uma espiadinha no injustamente chamado pai dos burros. Tropeços em flexões, concordâncias, pontuação, regências, colocação de pronomes, coesão etc. e tal pedem estudo de morfologia, sintaxe e lógica. Um dos critérios na avaliação do candidato a emprego é o domínio da norma culta. O examinador espera ler e ouvir uma língua correta. Correta não significa rebuscada ou exibida. Significa apenas o elementar respeito à gramática. Deslizes na pronúncia, nos plurais, na conjugação verbal não passam despercebidos. Ao contrário. Ecoam. Eis escorregões que você pode evitar:
Recado: "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê."
Monteiro Lobato
1. A língua trai
Num piscar de olhos, trocamos letras, confundimos significados, ignoramos flexões, pisamos concordâncias, esnobamos regências. Pior: organizamos as palavras de tal forma que nossas frases transmitem recados diferentes dos que pretendemos. Dá-se, então, o que Mário Quintana explicou: "A gente pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita".
2. Tropeços que roubam o emprego
Existem erros e erros. Alguns são primários. Estão na cara como batom vermelho ou óculos de grau. Grafar pesquisa com z ou exceção com ss serve de exemplo. Ambos denunciam pouca familiaridade com a língua escrita. Para se safar, conjugue três verbos – ler, ler, ler. E, sempre que a dúvida bater, consulte o dicionário. Outros tropeços são sofisticados. Exigem algo mais do que uma espiadinha no injustamente chamado pai dos burros. Tropeços em flexões, concordâncias, pontuação, regências, colocação de pronomes, coesão etc. e tal pedem estudo de morfologia, sintaxe e lógica. Um dos critérios na avaliação do candidato a emprego é o domínio da norma culta. O examinador espera ler e ouvir uma língua correta. Correta não significa rebuscada ou exibida. Significa apenas o elementar respeito à gramática. Deslizes na pronúncia, nos plurais, na conjugação verbal não passam despercebidos. Ao contrário. Ecoam. Eis escorregões que você pode evitar:
- a nível de – a forma é ao nível de (= à altura de): Recife fica ao nível do mar.
- adéquo – adequar só se conjuga nas formas em que a sílaba tônica cai a partir do u: adequamos, adequais, adequei, adequarei. (Na dúvida, substitua-o por adaptar.)
- colocar uma questão – fique com fazer uma observação, fazer uma pergunta.
- correr atrás do prejuízo – nós corremos atrás do lucro, mas corremos do prejuízo.
- criar novas – só se cria o novo. Basta criar.
- de formas que, de maneiras que – locuções conjuntivas se usam no singular: de que forma que, de maneira que. de menor – use menor de idade ou diga a idade: 4 anos, 12 anos,16 anos.
- duas milhões de pessoas – milhar, milhão, bilhão são masculinos: os milhares de crianças, dois milhões de pessoas, muitos bilhões de meninas.
- esteje – a forma é esteja.
- estrear novo – só se estreia o novo. Basta estrear.
- extorquir alguém – extorquir é arrancar: extorquir dinheiro de alguém, extorquir informações de alguém. fazem dois anos – fazer, na contagem de tempo, é invariável. Só se conjuga na 3ª pessoa do singular: faz dois anos, fez cinco meses.
- gratuíto – gratuito se pronuncia como fortuito e circuito. O ui forma ditongo, sem acento.
- há dois anos atrás – baita pleonasmo. Há indica passado. Atrás também. Fique com um ou outro: Há dois anos terminei o curso. Terminei o curso dois anos atrás.
- houveram – no sentido de existir ou ocorrer, o verbo é impessoal. Só se conjuga na 3ª pessoa do singular: Houve distúrbios. Houve três acidentes.
- intermedia – intermediar se conjuga como odiar: odeio (intermedeio), odeia (intermedeia), odiamos (intermediamos), odeiam (intermdeiam).
- interviu – intervir deriva de vir: ele veio, ele interveio.
- manter o mesmo – manter só pode ser o mesmo. Se não é o mesmo, escolha outro verbo. Que tal trocar? Ou mudar?
- medio – mediar se conjuga como odiar: odeio (medeio), odeia (medeia), odiamos (mediamos), odeiam (medeiam).
- meio-dia e meio – a concordância nota 10 é meio-dia e meia (hora).
- obrigado – ele diz obrigado; ela, obrigada; eles, obrigados; elas, obrigadas. Todos respondem por nada. o óculos – óculos, como férias e pêsames, é substantivo plural: os óculos, óculos escuros, meus óculos.
- pequeno detalhe – todo detalhe é pequeno. Basta detalhe. plano para o futuro – todo plano é para o futuro. Basta plano.
- possue – não confunda a terminação dos verbos terminados em -uir: a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo termina com i - ele possui, ele contribui, ele retribui, ele diminui, ele atribui (não: possue, contribue & cia. indesejada).
- probrema — não troque sons: problema (não: probrema), estupro (não: estrupo), mendigo (não: mendingo), encapuzado (não: encapuçado).
- rúim – a palavra é dissílaba – ru-im. A sílaba tônica: im.
- se eu caber, se eu deter, se eu pôr, se eu trazer, se eu ver – olho no futuro do subjuntivo: se eu couber, detiver, puser, trouxer, vir.
- seje – a forma é seja. subzídio – pronuncie o s como em subsolo.
- vítima fatal – fatal significa que mata. A vítima não mata. Morre. Diga morto.
- vou estar mandando & similares – vou mandar.
Recado: "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê."
Monteiro Lobato
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